"Os que tiverem que me amar, que o façam agora, hoje. Porque amanhã, quando meu corpo estiver inerte sobre um leito, ou sobre uma bancada inox qualquer, com o coração repousado, incapaz de amar ou desprezar, seu choro e seu lamento
de nada servirão. Os
que se mantiveram distantes, e choraram por cães abandonados, por
árvores derrubadas, por ídolos da TV, por leite derramado, enquanto eu
sorria, enquanto eu era feliz, enquanto eu escrevia, eu opinava, eu
delivara, na morte eu quero a maior distância disponível pelo
desconhecido. Depois de morto, esses eu quero que vão para a puta que
pariu e que deixem este também filho da puta em paz. Porque se assim não
o fizerem, entendam, onde quer que eu esteja, quer seja no céu, ou no
inferno, ou em algum lugar entre um e outro, ou em lugar algum, ainda
assim eu ligarei meu smartphone e, devidamente conectado ao Wi-Fi da
área de não-fumantes - porque com fumantes eu não serei simpático nem
morto - corrigirei seus erros de português nas redes sociais, morrendo
de rir da cara de pamonha de todos vocês!"