segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Estevam Soares Demitido

O Estevam Soares foi demitido nesta segunda-feira.

Na sua página no microblog Twitter, ele disse: "Acabo de ser demitido do Botafogo.Sinto pelo trabalho interrompido,pois tenho certeza que chegaríamos aos títulos.Agradeço à todo apoio."

Pois bem: eu não tive nada com isso!

Falar o Quê?

A chacota do 6 X 0:


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Não trata-se de um torcedor sofredor aquele que veste a camisa do Botafogo. Mas sim de uma associação que vive perdida, fora e dentro de campo. Então, se você pergunta a dirigentes ou jogadores o motivo pelo qual a torcida não comparece aos jogos, eles não sabem responder. Ora, a resposta é óbvia e levanta outras questões. Ir ao estádio? Torcer? Como e por quê?

São três campeonatos cariocas seguidos perdendo a final para o Flamengo. São diversas derrotas, jogando em casa, para times considerados "pequenos". Em clássicos, já entra em campo abatido, derrotado. Se vence, a primeira sensação da torcidade não é de alegria e sim de alívio.

Ou seja, sobre os torcedores do Botafogo, se não abandonam o barco não é por amor à camisa, somente. É muito mais por orgulho. Por não querer dar o braço a torcer para os rivais. E se algum deles não concorda com essa opinião, deveria procurar tratamento psiquiátrico. Porque, então, é masoquismo. Doença. Quem, em sã consciência, gosta desse sofrimento? Já passei dos 40 anos há algum tempo e ainda não vi em campo esse "glorioso" de que ouço falar.

No estadual de 2009, mais uma vez, o time amarelou. Isso ficou claro para quem acompanhou, torceu, mesmo não botando um centavo na conta do clube.

Veio o brasileirão e, mais uma vez, a equipe mostrou, em campo, a sua fragilidade, a sua fraqueza, a sua incapacidade (nem vou falar de incompetência). E no final ainda comemorou porque escapou da Série B para 2010. Ora, escapou não por méritos, mas por incapacidade dos quatro últimos colocados. Comemorar o quê? Comemora-se título!

A verdade é que, há muito tempo, o comportamento do Botafogo é de "time pequeno"... (E que me perdoem aqueles que assim são considerados). A torcida não pode e não deve mais dá voto de confiança. O time é que precisa reconquistar a massa que para ele torce, sofre, quase sempre calada, engolindo decepções.


O Ponto de Vista do Torcedor...

O Ferrarista veste a camisa vermelha, pega a sua bandeira e parte para o autódromo. Lá, para ele, não interessa o peso do carro, o problema no câmbio, o pneu desgastado. O que interessa é ver, no final da corrida, o piloto da escuderia italiana no ponto mais alto do pódio.

Não importa se a decisão é contra o Dallas Mavericks ou contra o Phoenix Suns. Quando a equipe do Boston Celtics parte para os "playoffs", o que a torcida quer é vencer quatro partidas e comemorar a vitória na NBA.

A relação entre o torcedor e a equipe para a qual ele torce não é como o que acontece entre um homem e uma mulher. Nessa relação, mesmo com todos os percalços que possam advir, o amor não acaba nunca e, para o torcedor, o que interessa é resultado. As desculpas dos jogadores, do treinador e dos dirigentes não justificam as derrotas e servem tão somente para irritar os torcedores. Não tem torcida que resista a uma sucessão de resultados desastrosos. Não tem torcida que resista à falta de títulos. E não venha me falar de Taça Guanabara ou Taça Rio! Turno não é competição! É somente parte dela.

Perder um campeonato não espanta a torcida dos estádios. Mas não ganhar títulos faz a gente preferir assistir os jogos pela TV, às vezes às escondidas. Torcer e não vestir a camisa. Afinal, quem se sente motivado a pagar R$ 150,00 pela camisa de um time que muito mais decepção dá do que alegria?

Tanto os jogadores quanto o Estevam Soares precisam calar a boca. Os dirigentes devem ter vergonha de mostrar a cara. A resposta deve ser dada em campo, com resultados e sem provocações à torcida. O time tem que fazer gol, ganhar título e manter a humildade.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Vodou Haitiano


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Eu sempre pensei que o comunicador Roberto Canázio fosse uma pessoa esclarecida. Afinal de contas, é um advogado. Errei.

De vez em quando sintonizo a Rádio Globo AM do RJ e fico atento aos assuntos discutidos no ar. Pelas abordagens e opiniões, comecei a sentir uma certa antipatia por ele. Se os temas são atuais e interessantes, a forma com que ele coloca a sua opinião me soa arrogante e, muitas vezes, ele parece querer mostrar ser o dono da verdade. Entretanto, preciso respeitar os seus posicionamentos, mesmo não concordando. É assim que funciona.

Eu, um simples mortal, sempre que sinto necessidade de emitir opinião sobre determinado assunto, se não o domino, antes de fazê-lo, procuro pesquisar, saber detalhes, conhecer. Posso não saber tudo sobre o assunto, mas preciso estar certo do que sei. Fazendo dessa forma, não sendo um homem do povo, acredito que os formadores de opinião, aqueles que interferem no curso da sociedade, não podem ser levianos e devem, pelo menos, ser responsáveis.

Então, eis que ontem, dia 14 de janeiro, o cônsul do Haiti em São Paulo, o senhor George Samuel Antoine, sem saber que estava sendo gravado, faz comentários infelizes sobre a tragédia que vive o povo haitiano.

Hoje, o senhor Roberto Canázio resolveu comentar as falas do cônsul haitiano e, como todos nós, mostrou-se revoltado. Até aí, tudo bem. Mas, em seguida, começou a falar um monte de asneiras sobre a religião de 5% do povo do Haiti, o vodou haitiano, entendendo ele tratar-se simplesmente da prática de rituais macabros. Ignorância.

O vodou é uma crença sincrética, que combina elementos do catolicismo e de religiões tribais da África com raiz semelhante ao candomblé praticado no Brasil.

No vodou se venera um deus principal, o "Bon Dieux" e aos antepassados. Como esta crença é pouco conhecida, seu nome costuma evocar diabólicos ritos tribais nos quais um feiticeiro crava agulhas em um boneco para fazer com que alguma vítima, talvez a muitos quilômetros de distância, sofra dores horríveis, ataques cardíacos ou doenças incuráveis. O vodou é associado com frequência ao Haiti, dado que os sanguinários ditadores François e Jean-Claude Duvalier usavam tais rituais para amedrontar suas vítimas. A palavra vem do vocábulo africano "Dahomey vodun" ou Vodun da África Ocidental, que significa espírito.

Como curiosidade, no Haiti, assim fica a distribuição da população segundo a religião:

- Católicos: 64%
- Protestantes: 23,6%
- Sem filiação: 5%
- Vodou haitiano: 5%
- Outras: 2,4%.

Para finalizar, uma pergunta ao Senhor Roberto Canázio: - Alguma coisa contra o candomblé ou contra a igreja católica?

Ao povo do Haiti, força! Muita força e fé!

O Palácio Presidencial (Palácio Nacional) em Porto Príncipe, que foi seriamente danificado durante o sismo do dia 12 de janeiro de 2010.


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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Beijo Bandido


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No sábado passado, dia 9, a convite de uma amiga, fomos ao Canecão assistir o novo espetáculo de Ney Matogrosso, Beijo Bandido.

É preciso dizer que ele solta a voz e manda muito bem. A produção é simples mas de muito bom gosto. E os arranjos são um primor.

Agora, preciso registrar: seu público é muito, mas muito chato.

Em mesa próxima, estava a maravilhosa Leilane Neubarth, acompanhada da Zélia Duncan e mais algumas pessoas.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Os Sabores de 2010

Mais um janeiro em minha vida. Mesmo considerando todas as dificuldades, os percalços de todos esses anos, a conclusão a que chego é que é muito bom estar vivo.

Na sexta-feira, primeiro dia desse 2010, almocei lagosta grelhada. A carne tem sabor suave e o perfume nos remete ao fundo do mar. Mas o grande sabor, que trago desde a infância, é do arroz e feijão bem temperados com ovo frito com gema mole. Arroz da venda, feijão do quintal e ovo colhido no pé... da galinha, tão logo por ela posto. E como toda hora era hora de sobremesa, no final do dia, laranja cravo ou carambola azedinha do pomar. Tão simples, tão bom. Amendoim verde antes do sol do meio dia. Milho cozido no café da manhã. Conheci pipoca não antes dos 8 anos de idade... não ligo para milho ou derivados. Nao sou da geração fandangos. Às vezes me pergunto o motivo e não encontro resposta, já que sempre fui fã ardoroso de jiló, vagem, bertalha, taioba e chuchu. Por que de milho não?

Outro sabor inesquecível é o do primeiro beijo. Wanda era seu nome. O segundo também não esqueço. Luciene. O último foi de uma amiga que agora manda-me beijos virtuais, do outro lado do Atlântico. Foram somente beijos. Mas fico intrigado com essa característica que têm alguns fatos de nunca serem apagados da nossa memória. Quer apostar como vai aparecer alguém tentando explicar, como se preciso fosse?

A minha última chupeta perdi em um monte de lenha, devidamente empilhada, esperando a vez de arder na fornalha da usina de farinha, a bolandeira. Ainda lembro do sabor da borracha já melada pelo uso. Às vezes penso que essa perda marcou a minha transição entre criança e homem feito. Pulei da chupeta para a enxada e o facão na cintura. O melhor brinquedo era o arado. A melhor hora era a de levar os cavalos para beberem água no brejo. Enquanto o tempo passava, eu admirava o balé das lavadeiras, que batiam freneticamente suas asas quase transparentes. Nessa mesma época nasci para o sexo. Eu queria fazer como o cavalo, como o touro, como o nosso barrão. Eu queria cobrir todas as fêmeas que estavam ao meu alcance. Mas, não para todas eu dava altura. Ia até onde eu podia.

Lampião era o nosso cão. Um puma negro com uma cruz branca no peito. Ficou danado, como dizia minha avó. Teve raiva, babava e foi sacrificado no tiro. Sobrou uma poça de sangue na porta da cozinha da nossa casa. Um sangue que me chocou, eu já acostumado a ver a galinha com o pescoço sangrando na caneca esmaltada, caneca verde-musgo, meio descascada. Eu já acostumado a ver o boi sendo abatido com um único golpe de facão no pescoço e depois sendo despedaçado, expondo a pança cheia de capim ainda fresco. Mas lampião era nosso cão, nosso querido cão negro como a noite.

Traíra ensopada no almoço de domingo ou cará frita durante a semana. Bagre também, como frango d'água. Esses sabores ainda não se apagaram, 40 anos depois. Também não o dos pedacos moles da base do capim que eu mordia na hora do descanso das enxadadas. Também não o azedo das araçás e o doce das pinhas caroçudas.

Minha avó era mulher dura, de mãos calejadas e de carinho doce e sincero. Não acaba em mim o sabor do carinho da minha falecida Maria. Da Maria que me dava lambadas e que me amava como nunca amou alguém que me tenha passado as mãos na cabeça. A minha Maria.

São os melhores sabores da minha vida, os da primeira infância. E agradeço que me seja permitido sentir os sabores de 2010.