sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Vodou Haitiano


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Eu sempre pensei que o comunicador Roberto Canázio fosse uma pessoa esclarecida. Afinal de contas, é um advogado. Errei.

De vez em quando sintonizo a Rádio Globo AM do RJ e fico atento aos assuntos discutidos no ar. Pelas abordagens e opiniões, comecei a sentir uma certa antipatia por ele. Se os temas são atuais e interessantes, a forma com que ele coloca a sua opinião me soa arrogante e, muitas vezes, ele parece querer mostrar ser o dono da verdade. Entretanto, preciso respeitar os seus posicionamentos, mesmo não concordando. É assim que funciona.

Eu, um simples mortal, sempre que sinto necessidade de emitir opinião sobre determinado assunto, se não o domino, antes de fazê-lo, procuro pesquisar, saber detalhes, conhecer. Posso não saber tudo sobre o assunto, mas preciso estar certo do que sei. Fazendo dessa forma, não sendo um homem do povo, acredito que os formadores de opinião, aqueles que interferem no curso da sociedade, não podem ser levianos e devem, pelo menos, ser responsáveis.

Então, eis que ontem, dia 14 de janeiro, o cônsul do Haiti em São Paulo, o senhor George Samuel Antoine, sem saber que estava sendo gravado, faz comentários infelizes sobre a tragédia que vive o povo haitiano.

Hoje, o senhor Roberto Canázio resolveu comentar as falas do cônsul haitiano e, como todos nós, mostrou-se revoltado. Até aí, tudo bem. Mas, em seguida, começou a falar um monte de asneiras sobre a religião de 5% do povo do Haiti, o vodou haitiano, entendendo ele tratar-se simplesmente da prática de rituais macabros. Ignorância.

O vodou é uma crença sincrética, que combina elementos do catolicismo e de religiões tribais da África com raiz semelhante ao candomblé praticado no Brasil.

No vodou se venera um deus principal, o "Bon Dieux" e aos antepassados. Como esta crença é pouco conhecida, seu nome costuma evocar diabólicos ritos tribais nos quais um feiticeiro crava agulhas em um boneco para fazer com que alguma vítima, talvez a muitos quilômetros de distância, sofra dores horríveis, ataques cardíacos ou doenças incuráveis. O vodou é associado com frequência ao Haiti, dado que os sanguinários ditadores François e Jean-Claude Duvalier usavam tais rituais para amedrontar suas vítimas. A palavra vem do vocábulo africano "Dahomey vodun" ou Vodun da África Ocidental, que significa espírito.

Como curiosidade, no Haiti, assim fica a distribuição da população segundo a religião:

- Católicos: 64%
- Protestantes: 23,6%
- Sem filiação: 5%
- Vodou haitiano: 5%
- Outras: 2,4%.

Para finalizar, uma pergunta ao Senhor Roberto Canázio: - Alguma coisa contra o candomblé ou contra a igreja católica?

Ao povo do Haiti, força! Muita força e fé!

O Palácio Presidencial (Palácio Nacional) em Porto Príncipe, que foi seriamente danificado durante o sismo do dia 12 de janeiro de 2010.


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