quinta-feira, 2 de abril de 2009

Meu Corpo




Eis o meu corpo inerte! Repousa em um ataúde coberto por flores de um perfume enjoativo! Meu velório... O ar pesa sobre as cabeças. Roupas negras, óculos escuros e tantas são as falsas caras de tristeza. Lágrimas se derramam ao morto. Amigos do peito de mim riem. Eu não segurarei uma alça do caixão deles... Amigos do peito até na morte. A minha partida tem graça. Nos veremos e que não seja em breve: vida longa aos que ficam! Tenho, agora, paciência para uma eternidade.


E quem não me deu a mão enquanto vivo, finge o choro e ri por dentro, só pode. Faz o que aqui? Não tenho no rosto o sorriso largo, o sangue quente fluindo nas veias, o turbilhão de idéias na cuca fresca. Não tenho os músculos tenros, a força do machado que desfaz a tora em lascas de lenha. Não tenho, no peito, os amores fartos e no corpo quente os pêlos eriçados de um frio bom na espinha. Nada mais para oferecer além do meu sono de defunto...


Não quero um fúnebre desfile de moda hoje! Não quero a falsa dor, a festa, a presença obrigatória. Quem me quis em vida tem opção melhor. Eu, hoje, não tenho. Ah, se tivesse!... Não quero a admiração, morto, dos que nunca me ouviram, vivo. Não vejo mais os pés das meninas. Não corro mais riscos. Não sou mais nada.


Rendam-me as homenagens enquanto vivo!

Um comentário:

Nikoly disse...

Oeeee! Sumido! rs rs
=)
;o*