quinta-feira, 16 de abril de 2009

Os Carrascos da SuperVia


Foto: Fábio Guimarães - Agência O Globo.

As imagens são estarrecedoras e deixam indignados todos nós, cidadãos cumpridores das obrigações. Não é, ao menos, poder de polícia o que podemos atribuir aos agentes da SuperVia como justificativa para as agressões a que submeteram os usuários dos trens, pessoas que, naquele momento, dirigiam-se para os seus locais de trabalho: a polícia existe para proteger o cidadão e não para achincalhá-lo.

A verdade é que nas capitais brasileiras, com raríssimas exceções, o sistema de transporte é mais um martírio do que uma facilidade. Depender de ônibus, trem, metrô e barcas no Rio de Janeiro é ficar a mercê da incompetência do estado (isso porque o assunto é transporte e não saúde ou educação, por exemplo).

Quando estive em Nova Iorque, em agosto do ano passado, andando pelas ruas de Manhattan eu ficava pensando no que falta aos nossos governantes para “copiar” sistemas que funcionam mundo afora. Fiz questão de andar de trem, metrô e ônibus na Big Apple. E não foi só isso. Pesquisei a mecânica do sistema, as vantagens oferecidas aos usuários, as formas de integração. Fantástico. Certamente, penso, o nosso governador (Sérgio Cabral Filho) e secretário de transporte (Júlio Lopes) não conhecem os serviços públicos que lá são oferecidos à população. Ignorantes.

Mas depois de tudo, das agressões, das imagens na TV, ainda temos que ouvir os comentários do presidente da SuperVia, Amir Murad, e do secretário de transporte, Júlio Lopes. Claro que interessa sabermos o que os responsáveis já estão fazendo para resolver os problemas que constatamos todos os dias. Mas por que chegamos ao ponto em que chegamos? Se não fossem as imagens feitas naquele momento, o dia de hoje não seria diferente do de ontem. Não tem pé nem cabeça falar do treinamento dos agentes. O comportamento deles nada tem a ver com treinamento. Nas chicotadas deflagadas por eles vemos, claramente, a incompetência do estado.

Não posso acreditar tratar-se de fato isolado. De desconhecimento da direção, gerência e supervisão da SuperVia das práticas abomináveis adotadas pelos agentes de segurança. Se não é orientação, e isso sim deve ser apurado com rigor, é, no mínimo, omissão. Passageiros dizem que as agressões são comuns nos trens e nas estações da concessionária.

Enquanto a SuperVia alega que a greve tem motivação salarial, os ferroviários dizem que, pasmem, os motivos são FALTA DE SEGURANÇA e MANUTENÇÃO PRECÁRIA DOS TRENS. E estamos falando de um sistema de transporte cuja administração é responsabilidade de uma concessionária de serviço público. Ou seja, que tem obrigações e metas estabelecidas em contrato firmado com o governo do estado.

Educação, saúde, segurança e transporte: só rezando.

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