terça-feira, 26 de setembro de 2017

A Relação Difícil Entre o Brasileiro e a Crase

Lagoa de Piratininga em 25/02/2017.


Um fenômeno pode ser desastroso, catastrófico, salvador, bonito, entre tantos outros aspectos. E pode ser, também, inexplicável, mas esse não é o caso da CRASE.

Esse primeiro ponto é importantíssimo. A CRASE é um fenômeno. E como todo fenômeno, ocorre ou não ocorre. CRASE não se coloca, não se põe, não se usa. CRASE ocorre!

Por ora, vamos esquecer a CRASE e nos fixar em expressões com substantivos masculinos precedidos por preposição. Isso porque o entendimento da CRASE depende da percepção de que ela não ocorre se não houver ARTIGO. Sem artigo, sem crase.

Ontem eu fui ao cinema!

O AO da frase é nada mais nada menos do que a contratação da preposição A com o artigo definido masculino O. Matematicamente, “Ontem eu fui a+o cinema!” Isso é claro e não há margens para dúvidas.

Atenção, aviso aos pais!

Na frase acima, “pais” é plural. Por regra, o artigo que o acompanha deve estar no plural também. Entendido isso, fica claro que AOS é a contração da preposição A com o artigo definido masculino plural OS. Matematicamente, “Atenção, aviso a+os pais!”.

Agora, de volta à CRASE.

Ontem eu fui à praia!

CRASE é a contração da preposição A com o artigo definido feminino A. Matematicamente, “Ontem eu fui a+a praia!”.

Atenção, aviso às mães!

Na frase acima, “mães” é plural e, por regra, o artigo que o acompanha deve estar no plural também. Assim, é claro que ÀS é a contração da preposição A com o artigo definido feminino AS. Matematicamente, “Atenção, aviso a+as mães!”.

E a conclusão, elementar conclusão, é que CRASE somente ocorre antes de palavras femininas, porque não ocorre na ausência do artigo definido feminino A, no singular ou no plural.

E fora desse entendimento, é comum encontrarmos por aí “Obrigado à todos!” com esse inexplicável acento na solitária preposição (o Word sublinha e informa que “Neste caso, não se usa a crase – alguém avisa lá que o que foi “usado” não foi crase e sim acento grave?!).

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Concordância do verbo SER

1 - Sujeito representado por “tudo, isso, isto, aquilo”, a concordância do verbo “ser” normalmente se efetiva com o predicativo expresso no plural.

Tudo são flores.
Aquilo eram fantasias cultivadas.
Isso são desencantos passageiros.


2 - Sujeito ou predicativo constituído por um pronome pessoal ou nome de pessoa, a concordância se dará com a pessoa gramatical.

A esperança somos nós.   
Beatriz era só alegria.


3 - Fazendo referência ao dia do mês, o verbo “ser” admite duas construções.

Hoje é dia quatro de março.
Hoje são quatro de março.


4 - Sujeito ou predicativo representado por coisa, bem como um sujeito ou predicativo no singular e outro (sujeito ou predicativo) no plural, a concordância do verbo “ser” se dará no plural.

Os filhos são o meu tesouro.

5 - Nas expressões indicativas de quantidade (medida, peso, preço, valor) o verbo “ser” se torna invariável.


Mil reais é pouco para saldar todas as pendências.
Cinco horas de estudo é pouco para quem deseja êxito.

6 - Nos casos relacionados a indicação de tempo, o verbo “ser” concorda com a expressão numérica mais próxima.


São três horas agora.
Já é uma hora.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Amor e a Morte

Lá pelas bandas do Facebook...

"Os que tiverem que me amar, que o façam agora, hoje. Porque amanhã, quando meu corpo estiver inerte sobre um leito, ou sobre uma bancada inox qualquer, com o coração repousado, incapaz de amar ou desprezar, seu choro e seu lamento
de nada servirão. Os que se mantiveram distantes, e choraram por cães abandonados, por árvores derrubadas, por ídolos da TV, por leite derramado, enquanto eu sorria, enquanto eu era feliz, enquanto eu escrevia, eu opinava, eu delivara, na morte eu quero a maior distância disponível pelo desconhecido. Depois de morto, esses eu quero que vão para a puta que pariu e que deixem este também filho da puta em paz. Porque se assim não o fizerem, entendam, onde quer que eu esteja, quer seja no céu, ou no inferno, ou em algum lugar entre um e outro, ou em lugar algum, ainda assim eu ligarei meu smartphone e, devidamente conectado ao Wi-Fi da área de não-fumantes - porque com fumantes eu não serei simpático nem morto - corrigirei seus erros de português nas redes sociais, morrendo de rir da cara de pamonha de todos vocês!"

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Yes, We Can!

Táxi parado na pista, na altura do número 25 da  Rua Dr. Benjamin Constant (Niterói), dia 13/08/2012, em torno das 14h. (Clique sobre a imagem para ampliar).


Qualquer um, sozinho, pode mudar pouco ou quase nada nesse nosso país. Mas não é exagero dizer que juntos podemos fazer muito. E sem esse papo furado de que somos uma família, de que a união faz a força etc. Não gosto disso e não tenho qualquer pudor em ser claro nesse ponto. Um outro detalhe, uma situação que muito me incomoda e soa como um "lavo as minhas mãos", é a questão dos ataques aos políticos que estão no poder e às suas políticas. Eu sempre pergunto se eles foram parar lá em algum golpe. Todos sabemos a resposta: não foram. Eles estão lá porque nós colocamos eles lá. Então, a responsabilidade é sempre toda nossa.

No dia a dia, a gente pode perceber que tipo de cidadãos somos nós. Quem são os eleitores que escolhem, deliberadamente, apesar do voto obrigatório, os seus representantes em todas as instâncias dessa nossa tão doce democracia. O comportamento dessa massa que tem o poder da decisão em suas mãos pode ser verificado a toda hora, no trânsito, nas universidades, nas praças, na praia, no "shopping center" e em qualquer logradouro ou espaço privado.

E é por causa desse comportamento que uma certeza sempre me abarca. Mudar o país é um objetivo extremamente difícil. Enquanto a gente não mudar a nossa forma de ver o mundo, o nosso julgamento do que é direito e do que é dever, pouca coisa evoluirá e poucas respostas nós teremos do poder público. Porque o poder público é parte de nós e as pessoas que devem atender às nossas demandas se comportam como nós nos comportamos. E nós nos comportamos mal.

Quando você joga lixo em qualquer lugar, menos na lixeira, e guimba de cigarro (bituca) também é lixo, você está se comportando mal. Quando você para o seu veículo na faixa de rolamento (como o motorista da foto acima), ou sobre a faixa de pedestre, em qualquer circunstância, até na hora do trânsito lento, ou nas vagas reservadas para deficiente e idoso, ou em fila dupla, na hora de buscar o filho na escola, ou sobre o passeio, ou obstruindo qualquer tipo de acesso público, você está se comportando mal. Quando, em ruas com mais de uma pista de rolamento no mesmo sentido, você transita pela da esquerda, obstruindo a passagem de veículos mais rápidos do que o seu, você está se comportando mal. Quando você despeja o seu lixo em locais ou horários não permitidos, você está se comportando mal. Quando você fuma em lugar público, ou, como responsável, permite que fumem em local público, você está se comportando mal.

Veja. O que fiz foi dar alguns exemplos, poucos exemplos, mas simples exemplos, de como nos comportamos no dia a dia. E citei somente comportamentos que têm imediata consequência sobre os outros cidadãos. E ainda assim, não fazendo a nossa parte, não cumprindo com a nossa obrigação em situações simples e cotidianas, queremos cobrar retidão e comprometimento do prefeito, do governador, do deputado, do senador, nossos representantes, pessoas como nós.

Quando você corrompe ou se deixa corromper, você está se comportando mal. Quer você seja um policial, um bombeiro, um professor, um médico, um advogado, um guardador de carros, o presidente da república. E não me furto, nunca, em dizer que o nosso maior problema é a corrupção. Mas mesmo que conseguíssemos acabar com esse grande mal, ainda assim nos faltaria a educação, faltaria o respeito ao espaço do nosso vizinho, faltaria o comprometimento com a coletividade.

Quer mudar o Brasil? Comece fazendo a  sua parte.

sábado, 26 de novembro de 2011

Liberdade de Expressão X Responsabilidade

Eu estava de férias, com minha farda de cabo Fuzileiro Naval guardada no armário. E, ainda em plena ditadura, fui convidado para militar no PMDB. Aceitei, não por ideologia política, por simpatia ao partido ou ao candidato Tancredo Neves. Aceitei para ocupar o tempo e faturar um extra que, diga-se de passagem, era bastante vantajoso. Minha função era abastecer os comitês do Rio de Janeiro e da Região Metropolitana, levando material dentro de uma Brasília paramentada para a campanha eleitoral. Chegava ao prédio da Avenida Rio Branco 100, ali onde se encontram as ruas do Ouvidor e Miguel Couto, em torno das 13h. Em um andar, lá no alto, funcionava o comitê Aureliano Chaves, base de Moreira Franco e de outros políticos cariocas e fluminenses, o meu local de trabalho.

Essa situação, tecnicamente, era inconcebível. Primeiro porque, na época, eu sequer tinha direito a voto em qualquer eleição, condição imposta a cabos e soldados das forças armadas, e atividade política não era permitida aos militares. Segundo porque eu não era habilitado para dirigir. Enquanto a falta de habilitação era somente uma contravenção penal, a atividade política era crime.

Convencional eu nunca fui. Mas hoje, confesso, penso que exagerei em alguns momentos da minha vida. O risco que corri em uma determinada tarde daquele verão de 1985 foi tremendo. Lá estávamos eu e o amigo que me convidou para essa empreitada distribuindo jornais de campanha na entrada do prédio da Central do Brasil. De repente, um grupo numeroso de colegas de farda chega para pegar o trem. E eu ali, no meio de todos, escondendo o rosto entre as páginas de um exemplar do jornal do PMDB. Se fosse reconhecido e denunciado, certamente seria investigado pelo pessoal da Inteligência (S2). Não haveria escapatória.

Durante alguns anos eu fui parte e vítima da ditadura. Por sorte, pra mim, a democracia não demorou a encontrar o país. Mas muitos dos que conheci na caserna viveram, se não todo, quase todo o regime militar. Durante a década de 1970 eu era apenas uma criança. E crianças gostam de brincar, não se importando com política, economia, relações sociais, “essas chatices”.

Vivemos hoje em um paraíso. Com crime organizado, com desvios de verbas públicas praticados por políticos, com alta taxa de juros, mas ainda assim vivemos em um paraíso. Não o paraíso ideal, mas o relativamente ideal. E assim, sem saber muito bem o que quer dizer CENSURA, muitos exigem e praticam a sua LIBERDADE DE EXPRESSÃO. São diversos os blogs e inúmeros os assuntos por eles tratados. As redes sociais abreviam o caminho das idéias entre o homem que pensa e torna público seus pensamentos e aqueles que, por um motivo ou por outro, se interessam por eles.

Esse cenário de liberdade, de revoluções, de integração total e quase imediata de culturas, muitas das vezes distantes milhares de quilômetros umas das outras, é permeado por muitos irresponsáveis. Quando são pessoas sem expressão, tudo bem. Porque o universo dessas pessoas é muito pequeno e as consequências ou são pequenas também ou são nenhuma. Agora, quando são pessoas públicas, mesmo as de pouca influência, ainda assim o resultado pode ser bem danoso. Dessa forma, não concordo nem discordo, de imediato, com nenhuma ideia nova promovida por políticos, artistas, jornalistas, profissionais renomados etc. Procuro sempre analisar, com cautela, o seu ponto de vista, mesmo ante sinceridade evidente.

A responsabilidade vai além do que se diz. Nem tudo pode ou precisa ser dito. E quando a necessidade de expressão é irrefutável, ainda assim é necessário dominar a sua forma. A liberdade de expressão passa, obrigatoriamente, antes, pelo crivo da responsabilidade. Fora isso, é promoção anárquica.

Por isso, antes de proferir a palavra, feche a boca mais uma vez.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Segurança Nas Escolas


(Imagem da internet: clique aqui).

Eu não sei explicar o motivo, mas tenho simpatia pela Deputada Clarissa Garotinho, apesar do seu sobrenome. Mas quando eu vou às urnas e escolho o meu deputado estadual, ele não tem que ser, necessariamente, do meu município e pode ser um Campista, por exemplo. Então, é lógico eu pensar que problemas devem ser discutidos levando-se sempre em consideração soluções que contemplem todo o Estado do Rio de Janeiro, para que nós possamos ser contemplados, também, aqui em Niterói.

Com o episódio da escola de Realengo, a questão de segurança nas instituições de ensino veio à tona. E Clarissa Garotinho tem, nos últimos dias, se "movimentado" a esse respeito. Hoje, no seu perfil do Facebook, Clarissa publicou o link para o seu blog falando sobre o assunto e sugeriu guardas municipais nas escolas (matéria do blog da Clarissa Garotinho).

Eu acredito que muitos municípios ao menos tem uma guarda municipal e me corrijam se estou errado. Assim, sobre a matéria no blog da Clarissa Garotinho, eu comentei no Facebook:

Clarissa, eu fiz uma pesquisa no INEP e encontrei o número de 1320 escolas municipais no município do Rio de Janeiro. Quando incluo as estaduais esse número sobe para 1618. Mas como vc falou em Guarda Municipal, vou pensar somente nas 1320.

Ao meu ver, sinceramente, a segurança das escolas não tem solução em uma portaria "vigiada" por um GM. E se vc pensar em termos de 3 turnos, o Rio precisaria de um batalhão de GMs treinados especificamente para o trabalho em uma instituição de ensino, função que acho difícil a administração pública cumprir devidamente. Sim, porque seriam necessários GMs que soubessem se comportar como educadores também.

Segurança nas escolas é questão de EDUCAÇÃO e não de segurança pública. Mas nessas 1320 escolas faltam professores, faltam materiais, faltam inspetores, falta merenda e falta educação.

Opinião, só.


O estado e os municípios podem começar, se ainda não o fizeram, simplesmente, normatizando o acesso às escolas e fazendo cumprir. Pois nas escolas públicas que estudei, até 1982, um Wellington até poderia fazer o que fez, mas encontraria dificuldades para o seu acesso às dependências. Não seria tão fácil assim matar.

Entretanto, para uma pergunta eu não encontro resposta: para que servem as câmeras na Escola Municipal Tasso da Silveira?

quarta-feira, 30 de março de 2011

Por que falo tanto da TV Record?


Caixão com corpo de José Alencar subiu a rampa do Palácio do Planalto por soldados do Exército, Marinha e Aeronáutica. Foto: Marcello Casal Jr./ABr

Hoje, enquanto o caixão com o corpo do ex-vice-presidente do Brasil, José Alencar, subia a rampa do Palácio do Planalto, a repórter dizia que o mesmo era conduzido por "cadetes". Como ex-fuzileiro que sou, sabia que dois dos militares eram soldados do CFN. Então, me veio a pergunta: quem deu para a repórter essa informação? Fui ao Twitter e avisei para @pgmhojeemdia e @record_imprensa sobre a "desinformação". E tenho feito isso regularmente. Mas, até aí, tudo bem. Afinal, até o Blog do Planalto falou em "cadetes" mas, na legenda da foto, registra corretamente que são "soldados" das três Forças Armadas.

E eu com isso?

A forma como a televisão interfere e influencia as massas sempre foi interesse meu. E saber que um veículo de informação, tão poderoso, cumpre perfeitamente o seu papel, torna-me um cidadão brasileiro melhor. Desinformar ou conduzir a informação de forma dolosa não é o papel da TV, mesmo que muitas o façam dessa maneira.

Com efeito, o aparato tecnológico e humano da Rede Globo de Televisão sempre me pareceu imbatível. A qualidade da sua programação, a sua capacidade técnica, a sua visão para distinguir entre o melhor e o razoável sempre foram condições inalcançáveis por outra televisão. Até que um dia eu percebi que a Record poderia mudar isso. Assim, troquei o Fantástico pelo Domingo Espetacular; abandonei o RJTV e migrei para o jornal regional da Record Rio; esquecei da Ana Maria Braga e aderi ao Programa Hoje em Dia.

Feito isso, aproveitando os canais de comunicação que intermediam a relação entre o telespectador e a televisão, comecei a tecer minhas críticas à programação da Record. Mesmo reconhecendo que, às vezes, o fiz duramente, o meu objetivo sempre foi vê-la cada vez melhor, a fim de deixar de aparecer, simplesmente, por vezes, no retrovisor da TV Globo.

Mesmo antes da estréia de Rebelde, eu já apostava em um erro da Record na questão do horário. E não creio que uma novela para público jovem possa melhorar o IBOPE da emissora às 19h. Sempre apostei que o RJ Record poderia desbancar o RJTV e critiquei, por diversas vezes, duramente, o trabalho do Fábio Ramalho (@fabioramalho). Até que um dia eu não tive mais o que falar. Então, a Record trouxe o Bacci e eu não consegui mais assistir ao telejornal, voltando para o RJTV. Agora, então, com a novela...

O telejornal admite, e isso o faz muito bem, bloco para notícias locais, para economia, política, internacional etc. Ainda mais longe, é ponto comum das emissoras, os telejornais locais. E por que levanto essa questão? Para falar do Programa Hoje em Dia.

Não posso entender o que pode melhorar para uma emissora de TV 30 minutos de bloco regional em uma revista eletrônica. Ao contrário, aposto mesmo que parte da audiência da revista muda o canal nesse momento. Então, quando disse ao Fábio Ramalho, pelo Twitter, que a Record subutiliza muitos dos seus bons profissionais, e falava do Hoje em Dia Rio, e ele me perguntou o que eu gostaria de assistir, fiquei sem ter o que responder.

A verdade é que a fórmula da revista matutina é boa e, com um bom lastro de matérias, pode crescer em audiência. Mas essa interrupção, para cortar para um "bloquinho" local, é um grande erro. Não vejo respostas na questão comercial nem estratégica. Será que tem? Será que trata-se de dar um passo atrás para depois dar dois à frente? Não sei.

Não vou me estender, e poderia fazê-lo por muitas e muitas linhas. Para concluir, parece-me, realmente, que o objetivo da Record não é o primeiro lugar. O que parece é que a emissora estará sempre satisfeita em poder ver, de longe, as lanternas e o para-choque da Rede Globo, ao invés de querer vê-la pelo retrovisor. E, tomara, eu esteja errado. Porque, assim, lucrarei muito mais.