terça-feira, 15 de março de 2011

Uma Puta Dentro de Mim


Praia de Geribá, Armação de Búzios, RJ. (Clique para ampliar).

Travestindo minha personalidade em 3, 2, 1... eu sou a Marcinha. Muito prazer.

Eu sempre tive muito medo do que meu marido poderia pensar acerca da minha performance sexual. Explico! Antes dele, tive dois namorados. Muito crianças, nossos contatos físicos não passaram de beijinhos na boca e mãos nos peitinhos. Até que conheci Pedro Paulo. Namoramos, noivamos e casamos. Na noite de núpcias, ele me fez mulher de verdade. Isso aconteceu há quase 30 anos.

Dia desses, eu e uma amiga saímos para almoçar. Bebemos alguns aperitivos, comemos pouco e emendamos o papo pela tarde. Ela divorciou-se há 5 anos, na véspera de completar 26 anos de casada. O marido preferia ficar com os amigos, todos iguais a ele, pouco atlético, pseudomacho predador, cinquentão, beberrão, muito divertido fora do próprio lar. O meu marido não é diferente do ex da Camilla, minha amiga. E ela começou a falar das suas experiências nesses anos de "liberdade". Saiu com toda sorte de homens, maduros, contemporâneos, garotões tarados de baixo desempenho, outras mulheres e até um travesti.

Confesso que senti uma ponta de inveja. Não inveja da Camilla, mas da puta em que ela se transformou. A mesma puta que carrego bem guardada dentro de mim. Os meus desejos, os meus anseios, as minhas fantasias são tantas e tão cheias de vida, que tenho certeza de que eu poderia fazer do meu entediado esposo o homem mais realizado do universo. Mas como? Apesar dos nossos filhos adultos, caminhando com as próprias pernas, nosso sexo ainda é o de décadas passadas, aquele "ensinado nas escrituras sagradas". Mas o que eu gostaria mesmo era de me multiplicar em orgasmos. Para dizer a verdade, ainda tenho que ser grata ao Pepê por tudo. Porque eu tive orgasmos durante o casamento, e ainda os tenho, coisa que, sei, muitas mulheres sequer têm.

Camilla contou-me que encontrou um amigo do ginásio. Sem cerimônia, os dois marcaram um encontro. No quarto do motel, a preliminar correu solta, gostosa, com beijos na boca que eram somente selinhos, roçar de línguas. Porque o envolvimento era nenhum. E beijar na boca, sofregamente, é coisa de apaixonados. Ele beijou-lhe o pescoço, os seios, a barriga, os lábios do sexo e ficou por ali, se deliciando. Quando ela quis retribuir-lhe os carinhos, ele saiu da cama e pediu para que ela esperasse. Foi ao carro e voltou com um pote de sorvete. Pediu para que ela tomasse algumas colheres do sorvete de flocos e só então o colocasse na boca.

Eu fiquei louca dentro da calcinha! Eu e Pepê nunca fizemos sexo oral. Ele nunca me lambeu e eu, apesar do desejo louco, nunca o tive na boca. O medo de tomar a iniciativa me domina, porque estou certa de que ele me questionaria a fonte do aprendizado. E o que poderei falar? Que aprendi assistindo filme pornô na TV? Eu sei que nasci para ser uma puta na cama. Mas sou puta apenas em pensamentos. O dinheiro que não gasto com acessórios sexuais para me satisfazer e satisfazer o meu marido, o meu analista leva todo.

Pelo que parece, para o Pepê eu sou uma santa. Certa noite, quando ele me procurou na cama, eu dei as costas. Peguei o seu membro e encostei no meu traseiro. Eu queria tanto que ele me entendesse. Mas ele me tomou nos braços, me posicionou e me penetrou da forma tradicional. Naquela noite eu não gozei e chorei depois que ele apagou a luz e dormiu.

Camilla, em apenas 5 anos, já entende mais os homens do que eles próprios. Ela me contou que a maioria não gosta de negras... nem de louras ou morenas. Homens, de verdade, gostam de mulheres. A cor do cabelo, da pele, a religião, o peso, o time para para o qual ela torce, a quantidade de furos que ela tem nas nádegas, o volume dos seios, nada disso conta, nada disso importa. Homens de verdade gostam de mulheres de verdade.

Camilla quis, certa vez, transar com um amigo gay. Mas ele disse que não rolava. Como ela insistiu, ele sugeriu convidar mais alguém. Um travesti que morava no mesmo prédio que ele. Ansiosa por essa nova experiência, acertaram os detalhes. Paola, um travesti de dupla jornada (cabelereiro durante o dia e michê durante a noite), até que não era mal. Duas semanas mais tarde os três viajaram para um final de semana em Búzios. Pois bem. Nesse final de semana a Camilla sobrou. Ruas das Pedras sozinha. Praia sozinha. Fishbone sozinha. Ricardinho e Paola passaram o final de semana no quarto, em lua de mel. Porque nem um nem outro "se alegrou" com a nudez da Camilla, com o calor da Camilla, com os belos e volumosos seios da Camilla, com os carinhos da Camilla. Então, ela saiu de fininho. Uma mulher de verdade precisa de um homem de verdade.

Eu tenho pensado muito no meu casamento. Na minha relação com Pepê. Em todos esses anos de vida em comum, nos nossos filhos. Eu preciso fazer alguma coisa para manter a harmonia da minha família. Essa minha necessidade eu não contei para o analista. Mas a verdade é que eu já tenho a solução. E eu tenho certeza de que assim seremos mais felizes. Todos. E meu casamento estará salvo.

Pepê é machista. Mas eu preciso de um macho, não de um machista. Eu preciso de um homem de verdade. Porque apesar do Pepê achar que não, eu sou uma mulher de verdade. Eu sou uma mulher de verdade que tem ânsia de ser uma puta, se não toda noite, toda noite que eu tiver que ser. Eu vou me permitir não um amante, mas dois, três, tantos quantos forem necessários para a minha felicidade, a felicidade do Pepê, a felicidade dos meus filhos, da minha família.

E quando você me encontrar, me conquistar e me carregar para a sua cama, não esqueça: me dê alguns tapinhas no rosto, me chame de puta, de vadia, me ame como o homem de verdade que você é e como a mulher de verdade que eu sou.

Nenhum comentário: