segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cultura Aglutinada



Depois de fazer um comentário no Twitter, um conhecido rebateu. Eu disse que “Essa onda de ‘sertanejo’ em Niterói é querer forçar a barra. Já já vamos ter o ‘Boi’ rolando pela noite Niteroiense. Vermelhou! Garantido!” .

Depois, um “following”/”follower” disse: @M4RC1NH0 Rapaz... o sertanejo ja nao eh mais onda... chegou e tem feito bastante sucesso... e tem sido noites bem agradaveis . [sic]

Eu respeito todas as opiniões. Isso é condição mais do que importante nas relações sociais. Concordo! Discordo, mas respeito! E acabou a história. Mas, se acho importante a sua opinião, o que dizer da minha, certo? Vou bater na mesma tecla e fazer meu samba de uma nota só.

Claro que o sertanejo aqui é onda. Aposto 100 contra um que sim. A onda aparece no mar, cresce, avança, quebra na praia e acabou. Então vem outra onda, e outra, e outra...

Por onde anda a calça boca de sino? Eu dancei “soul” no Grêmio Recreativo Ricardense e no Clube Nilopolitano. E os bailes “Charme”? Era a invasão branca na “Black Music”. A gente lavava a cabeça e não penteava, fazia permanente, sonhava com uma juba avantajada e bem armada. Era o nosso sonho: ser um “Panthera pardus melas” (pantera negra) com o “layout” de um leão macho dominante. Mas, e daí? Onde deu tudo isso? Lembro da Diana Ross, dos Bee Gees, de “A Noite Vai Chegar” com a Lady Zu (http://www.ladyzu.net/entrada.htm) em um tempo que a turma se encontrava na discoteca para fazer sabe o quê? Dançar. Flertar, ficar, beijar e, especialmente, dan-çar. E agora?

O vinil e o K-7 não foram ondas. E ainda assim passaram. O CD não é realidade absoluta. Isso é a evolução da mídia, do canal. Eu sei, é diferente. É questão tecnológica. É parte do muito que devemos à “Corrida Espacial” (é moda falar isso). A nostalgia que me abarcou, depois que citei todos esses artistas, contemporâneos meus, me obrigou a falar do vinil... Um devaneio e mais nada.

O choro não passa. O samba não morre. Os ternos de cores sóbrias, como marinho, cinza e preto não passam nunca. Zeca Pagodinho é Zeca Pagodinho do Oiapoque ao Chuí. São expressões culturais que ultrapassam os nossos limites regionais.

O Estado Democrático de Direito não pode passar. Falamos, aqui, de um princípio constitucional. Aliás, esse conceito é amplo no discurso, mas, paradoxalmente, é pouco compreendido. O entendimento jurídico e a jurisprudência passam. Certa vez li uma notícia que dizia: “Jurídico tentará reverter entendimento sobre...” O juiz indeferiu o pedido, mas, baseados na jurisprudência que existe, vamos tentar reverter seu entendimento... São as brechas da lei, nem tão brechas assim. Mas, voltemos à vaca fria.

Falei tudo isso. Chovi no molhado. Viajei na maionese. Soltei a voz. Mas estou concluindo, ok?!

Duvido que perdure muito mais aqui em Niterói esse negócio de “sertanejo”. A importada “brazilian country music”. Esses ventos sopram no norte do Paraná, cruza São Paulo, Minas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, sopram em Goiás e Tocantins. Estou enganado? É forçar a barra sim, querer nacionalizar os regionalismos. Por onde anda a lambada? Tem alguma casa de frevo em Pendotiba?

Agora fico imaginando... Eu saindo para a noitada com traje adequado. Vou para o Rancho do Tomate. Botas de “cowboy”, jeans, cinto de couro com enorme fivela, camisa da L. V. Western e chapéu na cabeça. Mas antes vou aquecer no Saco. Beber uns chopinhos no BemDito.

Gente, vou lá que ainda preciso selar meu cavalo, falei?!

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